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Política, religião e violência: a demonização do adversário



O que leva alguém a matar ou agredir por motivo político?
Parece haver uma grande incapacidade de diferenciar as ideias, do ser humano que as defende, ou seja, uma profunda dificuldade de compreender o outro que discorda de você.
As ideias que a pessoa defende ou a forma como as defende está vinculada ao seu contexto familiar e cultural. Esse contexto também é alimentado hoje por uma overdose de textos e vídeos compartilhados na internet. Tudo o que a pessoa recebe e ouve em seu celular acaba reforçando os seus valores e concepções de mundo mais profundos.
O indivíduo que passa o dia todo reforçando suas ideias por esse contexto, agora ampliado pelas suas redes sociais, acaba supervalorizando suas ideias, na mesma proporção que desvaloriza as ideias divergentes. Assim se constroem fanáticos violentos e extremamente agressivos. Eles não veem mais pessoas e seres humanos à sua frente, apenas ideias divergentes. Esse fenômeno já é realidade em nosso país conforme alguns acontecimentos relatados pela grande imprensa nacional:
"Mestre de capoeira é morto por eleitor de Bolsonaro após declarar voto no PT" (Fonte: O Dia, 08/10/2018)
"Bolsonarista agride e ameaça repórter cinematográfico: ´Se pudesse, mataria vocês´" (Fonte: UOL, 13/10/ 2021)
"Petista é morto por bolsonarista em Foz do Iguaçu" (Fonte: UOL, 11/7/ 2022)
"Bolsonarista mata apoiador de Lula por motivação política, diz polícia" (Fonte: UOL, 09/9/2022)
Bolsonarista tenta agredir Ciro Gomes em Porto Alegre e é retirado por policiais. (Fonte: UOL, 10/9/2022)
"Deputado bolsonarista tenta intimidar Vera Magalhães e é expulso de debate" (Fonte: UOL, 14/9/2022)
Conforme dito anteriormente, vídeos produzidos por lideranças políticas e religiosas nas redes sociais buscaram demonizar a esquerda e o comunismo.  Fato concreto divulgado por vários jornais: "Igreja Universal afirma que cristãos não devem compactuar com ideias esquerdistas" (Fonte: Gazeta do Povo, 24/01/2022). Ao falar sobre gestões de esquerda que governaram o Brasil em períodos anteriores, "Michelle Bolsonaro diz que Planalto era um 'lugar consagrado a demônios' " (Fonte: O Estadão, 07/8/2022). Todas essas declarações contribuem para que o diferente seja visto como errado, como o demônio que precisa ser eliminado. Portanto todas essas pessoas que produzem esse discurso "demonizador", têm grande responsabilidade nos atos violentos narrados acima.
Esse discurso de demonização do diferente nos remete à Idade Média onde os cristãos eram convocados a perseguirem e matarem os não cristãos. Vivemos um momento perigoso no país, muito delicado. Não caia nessa armadilha, discorde, debata, mas não demonize seu adversário político!

Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
São Borja-RS



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