Quando em nove de setembro comemoramos o Dia do Médico Veterinário, é oportuno fazermos algumas observações sobre o tema que tanto preocupa a humanidade: a pandemia do novo coronavírus. Inicialmente, vamos relembrar que o vírus causador da pandemia teve origem em animais: morcegos contaminados teriam transmitido o agente causador a um hospedeiro intermediário - possivelmente o pangolim, usado para alimentação na Ásia - e deste para o humano. As doenças transmissíveis dos animais ao homem são chamadas zoonoses, e a COVID-19 não é a primeira delas. Para falarmos apenas de casos recentes, o vírus H1N1, causador da gripe suína, seguiu a mesma trajetória. Assim como estes exemplos, muitas outras doenças são zoonoses, como raiva, tuberculose e brucelose, para citar as mais conhecidas. 

Nos últimos anos, o termo One Health vem se tornando cada vez mais utilizado dentro das discussões científicas que tratam de questões ligadas à saúde e epidemiologia. Em português, Saúde Única, o termo trata da integração entre a saúde humana, a saúde animal, o ambiente e a adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de enfermidades trabalhando nos níveis local, regional, nacional e global. Este conceito de unicidade da saúde confirmou o papel da Medicina Veterinária e de seus profissionais como atores importantes na manutenção do bem-estar da população humana, e não apenas da população animal.

Além do seu papel no controle das zoonoses, podemos hoje citar exemplos da participação da Medicina Veterinária no combate ao novo coronavírus. O Instituto Vital Brasil está produzindo soro hiperimune de cavalos, contendo os anticorpos necessários ao tratamento da COVID 19, e este desenvolvimento é coordenado por um médico veterinário. O Centro Nacional de Pesquisa em Suínos e Aves da EMBRAPA em Concórdia tem prestado serviços de exames de RT-PCR para toda a região Oeste, tendo já realizados milhares de exames com o suporte dos médicos veterinários que lá atuam. A Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária ofereceu à Secretaria da Saúde de Santa Catarina seu apoio para localizar estoques de medicamentos anestésicos em clínicas e hospitais veterinários, para que pudessem ser cedidos para uso na intubação dos pacientes hospitalizados que necessitem deste procedimento. E podemos ainda mencionar muitas iniciativas individuais de colegas que doaram cestas básicas e outras necessidades a pessoas carentes.

Por tudo isso, temos orgulho em dizer que a Medicina Veterinária tem dado seu quinhão neste momento difícil que a humanidade está passando.

Autor: Adil Knackfuss Vaz, presidente da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária