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Colunista

O abismo entre ricos e pobres no Brasil Prof. Evandro Ricardo Guindani

Desde pequeno ouço pessoas ao meu redor falarem mal das pessoas que vivem na extrema pobreza. Ouvi frases tais como: “São pobres e se enchem de filhos”; “Não tem comida mas tem televisão”, e por aí vai. Frases ditas geralmente por quem nunca passou fome, por quem sempre teve uma família que lhe deu as mínimas condições de vida. Frases ditas por pessoas que nunca se colocam no lugar do outro, que apenas julgam sem conhecer a realidade.

A causa da pobreza não está no comportamento e atitude dos pobres, mas sim na grande desigualdade social do Brasil. A nossa indignação precisa se dar em outra direção.

Em uma notícia intitulada: “O fantástico mundo das baladas milionárias” publicada pela Veja São Paulo em 18 de setembro de 2009, consta o relato sobre um jovem milionário que, em sua festa de aniversário comemorada em um bairro nobre da capital paulistana pediu ao garçom 22 garrafas de champanhe Veuve Clicquot (485 reais a unidade), uma para cada ano de vida. De acordo com a matéria, no momento da compra, a música eletrônica, então, deu lugar ao tema do filme Super-Homem, que ecoa pelo local sempre que alguém encomenda uma Veuve Clicquot Jeroboam (3 litros, 2 800 reais) ou mais de dez garrafas de qualquer champanhe.

Outra matéria, intitulada “Vida extravagante de jovem milionário brasileiro causa polêmica em Portugal”, publicada pela Revista Época Negócios em 19 de agosto de 2013 relata gastos extravagantes de um jovem de 22 anos que em sua festa de aniversário gastou 300 mil euros. O jovem chega a pagar mil euros em uma garrafa de champanhe.

Agora tenho um relato que ouvi em uma das cidades onde morei. Um certo empresário presenteou seu filho, no aniversário de 18 anos, com uma Ferrari, um carro que hoje, custa em média entre 5 a 7 milhões no Brasil.

Paralelo a isso, em matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, em outubro de 2021, temos a seguinte manchete: “Pessoas procuram comida em caminhão de lixo em Fortaleza”. Em outra matéria publicada pelo O Globo, intitulada Os miseráveis: retrato sem retoques de um Rio de excluídos, no ano de 2015, uma das entrevistadas relata: “tenho que decidir se compro arroz para todos ou leite para o Abraão, meu netinho”. Outra moradora afirma que não tem o que colocar dentro de sua geladeira, a qual está desligada da tomada: “não tenho nada para colocar dentro mesmo. Uso como armário”.

Portanto, o que nos deve causar indignação não são as favelas ou o grande número de pobres, mas sim o fato de alguém gastar mais de um milhão de reais em uma festa de aniversário ou dar um presente de 5 milhões ao seu filho. Se a riqueza fosse melhor distribuída, famílias pobres com cinco ou seis filhos poderiam ter uma vida saudável e digna, com seus filhos cursando um ensino superior, virando médicos, juízes e pesquisadores. Seríamos um país muito rico com seres humanos felizes e prósperos.

O referido artigo contem trechos do livro: “O novo sucesso: uma crítica à meritocracia”, publicado pela Editora Appris. O livro, escrito por mim e minha esposa, apresenta resultados de pesquisas, estudos e vivências pessoais em mais de 20 anos de experiência na educação.

Evandro R Guindani

Se quiser aprofundar mais esse assunto, você pode comprar o livro no site da Editora: https://editoraappris.com.br/produto/o-novo-sucesso-uma-critica-a-meritocracia/

 

Prof. Evandro Ricardo Guindani

Universidade Federal do Pampa - Unipampa

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