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Meus pais e a religião Prof. Evandro Ricardo Guindani

Em uma de nossas conversas meu pai perguntou: “Filho, você não vai mais à igreja, mas você reza em casa? ” Minha família é muito católica, então eu tenho a consciência que primeiramente preciso respeitá-los e compreender sua forma de pensar e sentir o sagrado. Diante disso, respondi ao meu pai de uma forma bem simples: “Pai, você concorda que quando você vai à missa, você busca um alimento espiritual, certo? ” Ele respondeu: “sim”.

Então eu disse: “Temos duas formas de nos alimentar, alimentamos nosso corpo físico com a comida e alimentamos nosso espírito por meio de outros instrumentos, como a fé, oração, meditação, etc... Explicarei primeiramente como faço para alimentar meu corpo físico e então compreenderás como alimento meu espírito”. Ele de forma muito serena e calma, respondeu: “Certo, pode me explicar. ”

Eu disse: “Pai, temos duas formas de nos alimentar, vou ao restaurante ou preparo meu alimento em casa. Existem famílias, por exemplo, que se acostumaram a comer todos os domingos na churrascaria, ao invés de preparar seu churrasco em casa. A nossa necessidade é alimentar o corpo, pelo menos uma vez ao dia. A forma como fazemos isso não tem muita importância. Quando você vai ao restaurante vai comer algo preparado por outras pessoas, as vezes nem sabe como o alimento foi preparado, mas você confia que é um bom alimento, e come.”

Meu pai ficou em silêncio e eu continuei: “Com relação ao alimento espiritual é a mesma coisa. O alimento que seu espírito precisa é a experiência religiosa, é o sentir-se bem, com ‘Deus’, da forma como cada um acredita. Você busca aquela sensação de paz ao ir à missa por exemplo. Este é o seu alimento espiritual. A igreja é um local que te oferece o alimento espiritual. Porém você pode buscar esse alimento em inúmeros lugares, inclusive na sua própria casa. Inclusive penso que muitos líderes religiosos, padres, pastores não contribuem para que seus fiéis se alimentem espiritualmente, por quê? Porque não tocam o coração, não promovem a experiência religiosa, não produzem o alimento que a pessoa precisa, por isso as pessoas mudam de igreja e de religião.”

A conversa tomou outros rumos, mas finalizo essa reflexão dizendo que segundo as ciências da religião, a experiência religiosa, ou seja, o alimento espiritual é uma experiência do sentido profundo da realidade da vida. E geralmente é uma experiência que te transforma no mais profundo do ser. Diante disso, posso dizer que a experiência religiosa, inclusive pode ser feita fora da religião, fora das igrejas, pode ser feita por meio da arte, do esporte, de outras atividades humanas que levam o indivíduo a mergulhar numa dimensão mais profunda da vida.

Um grande  abraço!

Prof. Evandro Ricardo Guindani

Graduado em Filosofia, Mestre em Ciências da Religião, Doutor em Educação. Professor da Universidade Federal do Pampa.

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