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FALAR EM NOME DE 'DEUS'

  • - Evandro Ricardo Guindani

Evandro Ricardo Guindani



Um pastor evangélico da cidade de Porto Sauípe-BA, colocou uma faixa na fachada de sua igreja, em julho de 2016 com a seguinte frase: "Se um homem tiver relações com outro homem, os dois deverão ser mortos por causa desse ato nojento. Eles serão responsáveis pela sua própria morte", dizia a mensagem exposta na frente da igreja. Segundo o Portal de notícias G1, "o Pastor Milton Fernandes defendeu que a frase citada está descrita na Bíblia, no livro de Levítico, em Tradução na Linguagem de Hoje, editada pela Sociedade Bíblica do Brasil. O pastor acrescentou que a sociedade é deve adaptar-se ao que diz a Bíblia".

Em outra ocasião, de acordo com o Portal de notícias da Revista IstoÉ, em um discurso, o Deputado e Pastor Marco Feliciano, se referiu à AIDS como "câncer gay" e responsabilizou os homossexuais pela doença.
Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, ligado à Arquidiocese de Cuiabá, Mato Grosso defende publicamente o uso de armas para defender a propriedade e a família. O mesmo chegou a aparecer numa foto ao lado de Olavo de Carvalho empunhando uma arma. Fato foi relatado pelo teólogo Fabio Py em um artigo publicado no Portal IHU Unisinos (Fev.2021)
 Outros pastores como Silas Malafaia e Edir Macedo disseminam um discurso de ódio e violência contra homossexuais e o que eles chamam de comunistas.
Certo dia em um sermão ouvi o Padre dizer que a igreja era a verdadeira porque tinha fundada pelo próprio Jesus. Essa fala "em nome de Deus" pode contribuir para que a criança discrimine seu coleguinha evangélico na sala de aula por exemplo. São discursos que possuem um efeito negativo para a sociedade, a qual precisa de união, compreensão e respeito.
Muitos líderes acima citados que defendem a família tradicional, Deus e a propriedade privada representam o pensamento da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional.
Enfim, quero deixar claro que são essas figuras acima que me refiro quando eu critico o fundamentalismo bíblico de padres e pastores. Estes líderes acima citados fazem uso da "autoridade" de seus ministérios conferidos pelas suas igrejas para falarem em "nome de Deus" a pessoas humildes que os seguem como ovelhas carentes em busca de um pastor... Disseminam ódio e preconceito.
Temos por outro lado padres e pastores como Padre Julio Lancelloti de São Paulo que trabalha com moradores de rua, bispos como Dom José Gomes de Chapecó e Dom Paulo Evaristo Arns de São Paulo, os quais tive a honra de conhecer e ouvi-los, defendiam os movimentos sociais, a luta pela reforma agrária  e a dignidade das pessoas. Em Joaçaba-SC tivemos recentemente a coragem do Padre Pedro em defender a democracia e por isso foi perseguido... Temos muitos pastores Luteranos que se envolveram na defesa de pequenos agricultores na luta pela reforma agrária.
Criado numa família católica e em 8 anos como seminarista tive o privilégio de receber de meus pais e dos padres a mensagem: "ser cristão é acima de tudo amar a todos e a todas sem discriminação".
Quando critico o fundamentalismo bíblico e as igrejas, estou criticando padres, pastores e cristãos que usam da Bíblia para justificar violência e preconceito.
Milhares de padres e pastores contribuem todos os dias de forma efetiva com uma sociedade melhor, mais ética, mais humana e fraterna. A estes devemos aplaudir e agradecer.
E deixamos claro que "falar em nome de Deus" é uma responsabilidade muito grande num momento em que, no Brasil, a Bíblia é usada para legitimar interesses pessoais de lideranças políticas.
Um grande abraço

Evandro Ricardo Guindani
Evandro é natural de Vargem Bonita - SC, graduado em Filosofia, Mestre em Ciências da Religião e Doutor em Educação. Atualmente é Professor da Universidade Federal do Pampa em São Borja-RS


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