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É possível dialogar com um fanático?

Prof. Evandro Ricardo Guindani



Vivemos dias em que as pessoas se agridem nas redes sociais, nas ruas, nas famílias por motivos político-partidários e valores morais...
Por que as pessoas não conseguem dialogar? Porque o fanático está mergulhado nas emoções e não na racionalidade. A etimologia da palavra diálogo é a composição de logos + di que significa uma relação entre duas palavras ditas. Logos também significa razão, lógica... Portanto, para que haja um diálogo é imprescindível que haja o compromisso de que os dois seres usem argumentos baseados na razão, numa certa lógica...
A filosofia grega nasce combatendo os mitos, as crenças e o senso comum. Por que? Porque as crenças e as opiniões alimentadas socialmente geralmente estão fundamentadas em experiências pessoais e subjetivas...
Você já deve ter ouvido expressões do tipo: "aquela gente lá não presta", "naquele partido não tem nenhum que presta", "aquele partido ou político quebrou o país"... Essas e outras são expressões generalizantes, ou seja, não partem de uma análise minuciosa da realidade, de um estudo científico. São afirmações que partem de uma experiência pessoal. As vezes a pessoa vai uma vez a uma cidade, a uma comunidade, tem contato com apenas uma ou duas pessoas que o desagradam e já sai falando que lá naquele lugar ninguém presta...
No campo político você apenas houve determinado noticiário de um mesmo canal de TV, assiste vídeos que recebe no celular, geralmente editados e tendenciosos e começa a alimentar uma crença de que determinado partido ou político apenas roubaram, quebraram o país. Essa atitude é totalmente desprovida de uma análise profunda das políticas públicas promovidas por cada ministério desses governos. A pessoa que adota generalizações jamais se debruçou sobre algum estudo científico aprofundado sobre as políticas públicas e seu impacto na sociedade...
O que falta para essas pessoas? Racionalidade, profundidade analítica, estudo científico.... Por isso o desafio de conseguir dialogar com quem se apega emocionalmente a crenças e opiniões. Então não insista em conversar com essas pessoas... Eles se apoiam na força física e emocional que se traduzem em gritos, xingamentos e violência....
Por isso eles falam tanto em armas, agridem jornalistas, falam em matar seus opositores na política...
É o que eles conseguem ter: fé, emoção e força física...
Eles estão regredindo à uma fase anterior ao homo-sapiens... Deixam de ler livros, deixam de buscar resultados em pesquisas científicas no campo da economia, sociologia, direito e apenas  acreditam naquilo que vem ao encontro de seus valores. Esse fenômeno pode ser melhor compreendido quando estudamos sobre o conceito da pós-verdade...
Enfim, diante do fanático, desista, não há condição básica para haver um diálogo que é a racionalidade fundada em fatos reais...
O que podemos fazer é lutarmos no campo educacional para prevenirmos o fanatismo em nossas crianças e adolescentes. E para isso as ciências humanas como a sociologia, história, filosofia, geografia e psicologia tem um importante papel...

Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
São Borja-RS



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