Prof. Evandro Ricardo Guindani

Acreditar significa dar crédito a algo que você ouve, vê... Quando você apenas acredita em algo ou em alguém, você reduz toda sua capacidade de pensar, refletir, questionar a uma simples atitude passiva de confiar na veracidade daquilo que você ouve ou vê...
O sociólogo francês Emile Durkheim em seu livro Educação moral nos explica que as pessoas tendem a aderir facilmente a ideias simplistas, ao invés de buscarem compreender a complexidade das coisas...
Acreditar é o caminho mais curto entre você e aquilo que você desconhece. Vou dar um exemplo: você recebe uma notícia no seu celular falando sobre algum determinado assunto, um vídeo muito bem feito, com imagens, vozes claras, tudo bem produzido. Qual o caminho mais fácil? Você procurar em outros sites, livros a comprovação daquilo que você viu ou você simplesmente acreditar que aquilo é verdade?
O processo cerebral de aquisição de novos conhecimentos ou construção de crenças, acontece desta forma: para você aprender ou compreender algo novo, você tentará relacionar a informação recebida com algo que você já conhece ou acredita. Ou seja, quanto mais essa nova informação se parecer com algo que você já acredita ou conhece, mais facilmente e rapidamente o indivíduo acredita e não questiona.
As crenças são alimentadas e sedimentadas nos grupos de convivência, longe do conhecimento científico. Se você recebe uma notícia de um amigo ou de uma pessoa que você gosta, a chance de você acreditar naquilo é muito grande. Seu amigo sabe o que você gosta de ouvir e naturalmente vai te encaminhar notícias agradáveis ao seu ouvido.
A adesão às crenças se dá mais pela via emocional do que racional... Você acredita naquilo que mais se parece com suas antigas crenças. É um caminho rápido e sem reflexão, questionamento e problematização.
Esse processo também se aplica às crenças religiosas e isso promove o fundamentalismo e fechamento à reflexão racional. Devemos lutar sempre pela ampliação da educação que se dá em instituições laicas, apoiadas na ciência e na Constituição federal.
Devemos lutar para que os jovens e adolescentes sejam críticos e reflexivos diante das crenças que os adultos lhes apresentam.
Pensar e criticar é mais difícil, porém é o caminho que promove a emancipação e evolução humana.


Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
São Borja-RS