Honrai Pai e Mãe

Procurara um atendente fraterno um tanto mais experiente para uma conversa franca, um jovem que há algum tempo frequentava o grupo de estudos de um determinado Centro Espírita. Alegava ele que era incompreendido pelos seus pais, os irmãos não tinham paciência com ele, os amigos eram poucos e no seu trabalho não era devidamente valorizado e reconhecido e frequentemente discutia com os colegas e chefia.

Assaz incrédulo, bastante apegado às coisas da matéria e confesso apreciador dos vícios do cigarro e da bebida e muito indignado porque, ali mesmo no grupo de estudos havia ouvido que o ser humano deveria abster-se da ingestão de carne, porque não é justo que, para satisfazer um prazer, um outro ser criado pelo mesmo Criador deveria ser sacrificado. Ora, agora comer carne já foi desclassificado de necessidade para prazer, dizia o rapaz. Questionava o atendente, que se Deus era mesmo infinitamente justo, porque ele era tão incompreendido?

Muito perspicaz e apreciador de um bom questionamento, o atendente fraterno, mentalmente, requereu auxílio dos benfeitores espirituais, porque tanto o assunto quanto o questionador eram instigantes.

Devidamente inspirado pelos mentores da Casa Espírita, o atendente replicou o jovem, inquirindo:

- E você, tem feito algo para compreender os pais, tem procurado desenvolver a paciência com os irmãos, está tentando ser leal e amigo dos amigos e com os colegas e chefia, já havia pensado na hipótese de não ser detentor absoluto da verdade?

Vamos consultar o nosso amigo incondicional? Porque você lembra que aprendemos que o Evangelho é Jesus falando diretamente conosco? Então consultemos o Evangelho Segundo o Espiritismo:

O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. XIV - Honrai vosso pai e vossa mãe.

9. (...) Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade. Com efeito, quantos há que, em vez de resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés. As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. E um momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega.

Alguns conselhos mais e o jovem já demonstrava um semblante corado, rubro de vergonha por estar se esforçando tão pouco, por estar deixando de fazer a sua parte para a manutenção da boa convivência, por esperar apenas pela compreensão dos seus, sem buscar compreendê-los.

Despediu-se apressado do atendente fraterno, alegando que tinha muito que refletir e muitos esforços a empreender para que não sucumbisse na sua pequena, mas importante tarefa doméstica e comunitária.

Pensemos nisso! Honestamente, estou tentando fazer a minha parte?!

Boa Semana

HPaim

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