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Conservadorismo, fundamentalismo e violência Prof. Evandro Ricardo Guindani

Caro leitor e leitora, você sabe como se faz uma conserva de cebola ou de pepino? Uma das regras básicas é fechar bem o vidro, evitando que entre ar. Isso nos ajuda a entender como pensa um conservador. O conservador é aquele que luta para conservar, para preservar costumes e comportamentos, evitando a mudança, evitando a influência de fora, de novas ideias. Por isso o conservador extremo também é chamado de “cabeça dura”, “cabeça fechada”.

Na sua grande maioria, o conservador extremista é também um fundamentalista no campo da moral e dos costumes. Fundamentalista é aquele que diz não “ter opiniões”, mas sim “certezas”. Segundo ele, seu ponto de vista é a verdade. O fundamentalista é aquele que não aceita ideias diferentes, ele pensa de forma dualista, não existe o diferente, existe o certo e o errado.

O fundamentalista é aquele que possui um único fundamento para sua forma de pensar. Exemplificando: o fundamentalista cristão, acredita que o único fundamento para o certo e o errado está na Bíblia. E ele acredita que este livro não pode ser questionado ou contextualizado nos dias atuais.

Fundamentalistas e conservadores se tornam sinônimos quando ambos fundamentam seus pensamentos em verdades fechadas e imutáveis. Por isso, eles se assemelham a um vidro de conserva, se entrar ar, a conserva estraga. O ar representa o novo, o perigo, a ameaça.

E aí vem o terceiro elemento, a violência. O conservador extremista ou o fundamentalista, acreditando que existem apenas uma verdade, que o mundo é dividido entre bem e mal, também começam a produzir um discurso de ódio em nome de suas verdades. Ou seja, acreditam que o mundo é como um vidro de conserva, se entrar um ar diferente vai estragar.

E acreditando nisso podem até mesmo defender a violência e o terror contra quem pensa diferente deles. Tivemos e temos políticos brasileiros que defenderam por exemplo o fuzilamento de seus adversários. No campo da moral também defendiam que homossexuais, por exemplo deveriam ser combatidos. Em uma das falas, determinado político falou que se tivesse um filho homossexual ele iria agredi-lo. Vejam então que a sua forma conservadora e fundamentalista de pensar, pode levar à pratica da violência. O fundamento moral deste político está numa leitura fundamentalista e fechada do livro de Gênesis da Bíblia, onde, segundo esta leitura mal contextualizada, “Deus” teria criado apenas heterossexuais.

O conservador fundamentalista não aceita tentar entender o contexto histórico dessa narrativa bíblica, entender que se trata de um mito, sempre interpretado por homens e geralmente machistas.

Essa lógica de pensar conservadora e fundamentalista pode ser o estopim e a base de ações de grupos violentos e terroristas. Na antiguidade por exemplo, os cristãos e lideranças da igreja católica, perseguiam, matavam e torturavam os não cristãos porque acreditavam eles pertenciam ao demônio.

Espero que esta reflexão possa ter ajudado a esclarecer muitas ideias confusas que andam circulando nas redes sociais sobre o que acontece no oriente médio, bem como as associações tortas e descabidas entre grupos terroristas e partidos políticos brasileiros.

Uma ótima semana! Não deixe sua cabeça virar um vidro de conserva!

Prof. Evandro Ricardo Guindani

Universidade Federal do Pampa - Unipampa             

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