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As crenças pessoais e o diálogo com o outro

Prof. Evandro Ricardo Guindani

Nestes últimos anos foi comum ouvirmos que pessoas se agrediram verbalmente dentro das próprias famílias...
Aí você pergunta: mas faltou união na família? Na família não são todos irmãos?
Não faltou união e nem irmandade mas sim faltou respeito ao pensamento diferente!
Por que então as pessoas brigaram? Brigaram porque o diálogo se deu a partir de crenças e não de argumentos lógico-racionais... Não existe diálogo quando nossos argumentos estão ancorados em crenças, porque a crença é subjetiva, é pessoal
Por exemplo: a mulher não consegue explicar para o homem como é a dor do parto. O homem não entende porque ele nunca sentiu. Discutir com o outro a partir de sua crença é como se o homem quisesse dizer e explicar a mulher que a dor do parto não é tão forte assim.
Quem sabe de sua dor é somente quem sente... Assim, quem sabe de sua crença é somente quem acredita...
Aqueles deputados que são contra a defesa dos homossexuais e toda a população LGBTQI+ ou que falam tanto da defesa da família estão pautando suas bandeiras com base nas suas crenças...
Defender publicamente sua crença e querer impô-la ao outro só gera discórdia e desunião, incompreensão e violência... Muitas agressões a homossexuais são fundamentadas em argumentos bíblicos...
Ou seja, te dou um conselho: fique com sua crença dentro de sua casa, de sua igreja mas saiba que ela é sua... A ideia de que existe um único "Deus" é apenas uma ideia legitimada na crença em textos sagrados monoteístas... Na realidade cada um tem seu "deus" e "deuses", cada um interpreta de uma forma a divindade e consequentemente o mundo à sua volta...
Eu não posso discutir com o outro e querer impor ao outro argumentos que estão baseados em crenças pessoais...Como disse antes: é como se a mulher tentasse obrigar o homem a sentir a mesma dor do parto que ela sente...
Então o que precisamos não é parar de discutir religião e política, precisamos sim parar de discutir a partir de crenças...
E quando digo crenças, não me refiro exclusivamente a crenças religiosas mas falsas notícias, boatos, matérias de jornal e a argumentos generalizantes como por exemplo: "tal político só roubou", "acabou com o país", "fulano é ladrão"... Essas expressões estão muitas vezes apoiadas em crenças construídas pelos meios de comunicação e pelo seu grupo de WhatsApp...
Política, religião e futebol precisam ser discutidos sim.... A religião precisa sim ser discutida nas escolas para que as pessoas não sejam vítimas dessas igrejas criminosas... A política precisa sim ser discutida na escola para que quando adultos as pessoas não se iludam e não se deixem atrair por discursos sedutores de lobos disfarçados de cordeiros...
Em espaços públicos e organizações civis - sejam instituições de ensino, poder judiciário, legislativo e outros - todo e qualquer debate sobre direitos e deveres, moral, respeito ao outro devem se dar a partir da Constituição Federal e não da Bíblia! Não é a Bíblia ou a imagem de uma divindade que devem estar na entrada de nenhum estabelecimento público mas sim a Constituição Federal, preferencialmente aberta no seu Artigo 5º
"Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza"

Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
São Borja-RS

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