Prof. Evandro Ricardo Guindani

No campo político, mais especificamente desde as últimas eleições de 2018, temos visto a proliferação de falsas informações que promoveram a construção de crenças infundadas. E estas trazem um grande prejuízo à democracia porque deslocam a política, do campo racional, para a esfera emocional e espiritual.
Vou relembrar de algumas dessas falsas informações:
O famoso "kit gay". Em 2018 o candidato do PSL à Presidência da República, afirmou, em vídeo publicado em diversas redes sociais, que um livro que segurava na mão, se tratava de "uma coletânea de absurdos que estimula precocemente as crianças a se interessarem pelo sexo". E que este livro teria sido distribuído nas escolas nos governos do PT.  Mesmo com a explicação do Ministério da Educação (MEC) de que a obra mostrada não pertence à pasta, não a adquiriu e nem foi distribuída, Bolsonaro continuou a mentir sobre o 'kit gay' até o fim da campanha e nos seus primeiros discursos após eleito.
Inúmeras falsas notícias foram espalhadas sobre as vacinas contra Covid, tais como: "Vacinas contra a Covid-19 são mais perigosas que o próprio vírus". Até mesmo algumas mais absurdas também diziam que a vacina alterava o DNA, possuía uma enzima do demônio e controlariam as pessoas por meio de um chip.
Nessas eleições de 2022 voltam a circular novas fakenews tais como "implantação de banheiros unissex em escolas"; "fechamento de igrejas e perseguição aos cristãos"; "implantação do comunismo no Brasil". As falsas notícias pregam que essas iniciativas poderiam ser tomadas por um eventual governo de esquerda.
O sociólogo Emile Durkheim em seu livro "Educação moral" afirma que as pessoas têm uma tendência a aderir a pensamentos simplistas, ou seja, buscam um caminho mais curto para construir suas ideias. Nesse processo é que aderem a falsas notícias. Temas voltados ao gênero e sexualidade, vacinas, comunismo, socialismo, são muito complexos e exigem muita leitura e estudo para compreender o mínimo sobre cada um desses conceitos.
Ao acreditar que o Brasil pode se tornar comunista, por exemplo, a pessoa revela que não conhece nada sobre comunismo e sobre o perfil do referido partido de esquerda que governou o Brasil por mais de 12 anos. Quem acredita nesses boatos demonstra ter perdido a memória e também nunca ter lido um livro sobre os conceitos de comunismo, socialismo e capitalismo.
Durkheim defende que "é preciso dar à criança o sentimento da complexidade real das coisas". Por isso, como professor, entendo que temos uma grande tarefa pela frente.  A educação pode contribuir para que as pessoas não acreditem facilmente em boatos simples e alienantes. A realidade e o mundo é complexo!

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DURKHEIM, É. A educação moral. Petrópolis: Vozes, 2008

Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
São Borja-RS