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Colunista

Arrogância branca! Prof. Evandro Ricardo Guindani

Depois de falar sobre racismo me deparei com outra cena que me fez lembrar todo aquele discurso arrogante que presenciei desde criança na região sul do Brasil. Arrogância daqueles que se dizem ricos porque são trabalhadores. Arrogância daqueles que se dizem melhores e superiores do que nordestinos e outros grupos étnico-culturais do país. Arrogância daqueles que se dizem responsáveis pelo próprio sucesso econômico. Arrogância ignorante que apenas vocifera pelos cantos sem nenhuma comprovação científica, apenas apoiada em ideias preconcebidas e racistas.

Cresci ouvindo isso no interior de Santa Catarina, onde nasci. Cresci ouvindo que o sul sustenta o país, que o nordestino não trabalha, apenas gosta de festa, que temos que acabar com as favelas porque lá só moram bandidos e traficantes. Além disso, outras falas muito ignorantes e infundadas dizendo que para resolver o problema da população carcerária bastaria explodir os presídios.

Heranças de um discurso fascista e nazista que tomou conta da nossa Santa Catarina, que na minha concepção deixou de ser a famosa “Santa e Bela Catarina”. É preciso uma árdua tarefa na esfera educacional para lutarmos contra o pensamento racista e xenofóbico que se acentuou nos últimos anos. Um discurso que infelizmente encontrou eco em Brasília, entre 2018 e 22022, e ainda reverbera isoladamente em grupos de extrema direita espalhados pelo país.

A cena que me referi no início do artigo foi de uma juíza branca, descendente de europeus, perfil típico da elite econômica e judiciária de Santa Catarina. “Juíza de SC é suspensa após gritar e obrigar testemunha a falar 'o que a senhora deseja, excelência?'”. Este foi o título da matéria publicada pelo Portal G1 no dia 29/11/2023. Ao assistir o vídeo, observando a arrogância dessa mulher branca, percebi que não se trata apenas de um problema de saúde da magistrada, que pediu afastamento para tratar bipolaridade.

O discurso dessa juíza reflete a cultura regional, que infelizmente, além de herdar muita coisa boa dos nossos imigrantes europeus, também herdou a lógica nazista e fascista da Alemanha e Itália.

Andando nas ruas de municípios catarinenses, ouvindo conversas no supermercado, em restaurantes, sempre me deparei com discursos racistas, xenofóbicos, homofóbicos e acima de tudo, discursos muito ignorantes, desprovidos de elementos concretos.

A forma arrogante dessa juíza branca falar não resulta apenas de problema de saúde, resulta de um grande problema que precisamos resolver em Santa Catarina e no sul do Brasil, o problema da “arrogância branca”. Arrogância do chicote sobre negros nos troncos, nas lavouras, nas charqueadas.

Atenção gestores educacionais de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul! Temos uma árdua tarefa pela frente!

Prof. Evandro Ricardo Guindani

Universidade Federal do Pampa - Unipampa

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