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Artigo

A “mega” da virada: lições! Por: Prof. Evandro Ricardo Guindani

Por: Prof. Evandro Ricardo Guindani

Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Nos últimos dias de dezembro ouvimos muitas pessoas manifestarem expectativa sobre a possibilidade de ganharem o prêmio de 570 milhões de reais da mega sena da virada. E as idealizações sobre as atitudes a serem tomadas como milionários, dizem muito sobre a forma como a pessoa se relaciona com o outro e com o meio onde vive.

Era possível perceber que pessoas da classe média alta ou mais ricas, geralmente possuem sonhos individuais, falam em viagens, em investimentos lucrativos para ter uma vida tranquila. Uma matéria publicada no Portal Exame, intitulada: “Mega da Virada: quais os sonhos dos apostadores para o prêmio milionário”, demonstra que um servidor público aposentado e um mecânico, ambos com vida bem modesta, almejam usar o dinheiro para ter uma vida tranquila porem também ajudar outros que precisam. Um deles menciona inclusive em criar uma ONG com finalidade social.

Esses diferentes olhares e expectativas me fazem recordar um documentário que sempre passo aos meus alunos, chamado: “A invenção da infância” (disponível gratuito na internet). Este documentário apresenta dois grupos de crianças, de duas classes sociais. Um grupo formado por crianças da elite paulistana e outro grupo pertencente a uma região pobre do sertão nordestino, que inclusive precisam trabalhar para ajudar no sustento familiar.

As crianças da elite sonhavam em ter uma boa profissão, estudar no exterior, enfim, sonhos individuais em ter sucesso financeiro. As crianças pobres do nordeste sonhavam em estudar, arrumar um emprego para ajudar a família.

Isso tudo me faz lembrar do grande Karl Marx, um dos maiores estudiosos do sistema capitalista, segundo o qual, a forma de pensar está vinculada ao lugar que cada um ocupa no modo de produção, ou seja, se for patrão e se for empregado, cada um pensa de uma forma diferente, porque está sofrendo diferentes influências do meio onde vive.

Pessoas que vivem em maior contato com o outro, em situação de pobreza, tendem a terem uma visão mais solidária, com mais alteridade e sensibilidade aos problemas alheios. Pessoas da elite geralmente vivem e convivem com pessoas que não precisam do outro, que se satisfazem individualmente. Que possuem dinheiro e fartura, ou seja, isso automaticamente produz um olhar mais individualizado e menos solidário, sensível e politizado. Geralmente são pessoas que defendem a meritocracia, ou seja, a ideia de que, sozinho você consegue tudo, basta querer. Isso porque, ilusoriamente, seu mundo familiar lhes passa essa mensagem.

Convivi durante muitos anos com moradores de cortiços e favelas, na cidade de São Paulo, trabalhei com crianças em situação de rua e também fui professor de colégio e universidade privada. Comprovei com minha própria experiência, que pessoas mais pobres são mais sensíveis ao outro, dividem tudo o que tem e promovem a solidariedade onde estão. Em uma ocupação de moradores sem teto havia uma cozinha comunitária, e eles serviam almoço gratuito para moradores de rua, mesmo que o objetivo da cozinha era de angariar fundos para a associação.

É por isso que precisamos repensar o modelo de educação para o sucesso, devemos levar aos nossos alunos, esses exemplos de pessoas que pensam na felicidade coletiva e não apenas individual.

Se quiser aprofundar mais esse assunto sobre meritocracia e sucesso, você pode comprar o livro: “O novo sucesso: uma crítica à meritocracia”, publicado pela Editora Appris.

Link para compra: https://editoraappris.com.br/produto/o-novo-sucesso-uma-critica-a-meritocracia/

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