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A fragilidade intelectual das crenças conservadoras(Questões de gênero)

  • - Prof. Evandro Ricardo Guindani

Prof. Evandro Ricardo Guindani

       Este texto compõe uma série onde abordaremos a "ignorância" que perpassa e fundamenta muitas crenças conservadoras...
Uma das grandes bandeiras dos conservadores é a defesa da natureza binária do ser humano (homem e mulher).
      A Bíblia é um dos fundamentos desse argumento, responsável pela violência contra homossexuais e toda a comunidade LGBTQIA+.
      Na Bíblia (Antigo Testamento) temos várias passagens que inclusive defendem a violência contra aqueles que violam a "lei divina da heterossexualidade".
     Esse fundamento bíblico dos conservadores, de que "Deus criou apenas homem e mulher" é fraco e passível de questionamentos:
     - A Bíblia é um conjunto de livros selecionados, editados, reescritos, traduzidos, alterados e ajustados pela mão de homens pertencentes aos grupos dominantes daquele período;
     - A tal "inspiração divina" dos textos bíblicos é uma crença alimentada historicamente e sustentada pela Teologia dentro de cada confissão religiosa. No campo da Filosofia e História esse argumento não tem nenhuma sustentação.
     - O Livro do Gênesis sobre a criação de Adão e Eva é passível de várias interpretações por isso apresento um achado histórico presente no Livro "A Eva Barbada" do Historiador Hilário Franco Jr.
     Ele apresenta um quadro que foi encontrado numa Igreja francesa no século XI. O quadro se chama: "Apresentação de Eva".
     Em síntese o quadro apresenta que o ser criado por "Deus" era um andrógino, ou seja, era masculino e feminino. Quando "Deus" tira uma costela, significa que ele tirou o lado feminino daquele ser para criar Eva.
     A ideia muito difundida em outros textos que não foram para a Bíblia é que a criação da mulher a partir de Adão foi possível porque Adão tinha originalmente duas faces, que foram separadas para o nascimento de Eva.
    "No quadro, a pintura mostra três indivíduos barbados, e os dois indivíduos (Adão e Eva) são reflexo de uma primeira criatura que se encontra no centro, e são na verdade uma mesma e única criatura: o ser humano criado à imagem e semelhança do Criador" (FRANCO JR, 2010, p.189)
    Para o Autor, a pintura coloca em xeque a pretensa superioridade masculina. Apesar de rejeitada pela Igreja, a concepção andrógina do "ser" primordial continuava viva na cultura medieval.
    O Autor apresenta o Evangelho de Tomás, que considerado apócrifo, não foi para a Bíblia. Neste evangelho há o seguinte texto: "só entrareis no Reino [...] quando fizerdes do masculino e do feminino um único ser, quando o masculino não for mais um homem, quando o feminino não for mais uma mulher".
   O argumento dos conservadores contra as discussões de gênero nas escolas está ancorado em um mito de criação e outras passagens bíblicas que precisam ser fortemente questionadas por todos os professores.

Prof. Evandro R Guindani
Referência
FRANCO JR, Hilário. A Eva Barbada. São Paulo: Edusp. 2010

Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
São Borja-RS


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