Prof. Evandro Ricardo Guindani

       A "ignorância" e falta de profundidade intelectual é o que está por trás de muitas crenças conservadoras no campo da moral, ligadas à sexualidade, questões sociais, políticas, econômicas, culturais e outras...
      As crenças ligadas à moral conservadora possuem três principais fontes de origem: família, igrejas e meios de comunicação.
      O meio de sustentação dessas crenças está na relação com os vizinhos e agora recentemente com os amigos de redes sociais e aplicativos de mensagens...
      Quando a pessoa recebe uma informação da família desde criança e isso é compartilhado com seus amigos e vizinhos, a informação vai se solidificando numa crença...
      E quando essa informação é também transmitida pela igreja e pelos meios de comunicação, a crença vai se legitimando e ganhando uma aura de "verdade", aí começa o processo de construção do preconceito no senso comum...
      É a chamada "moral coletivista" que segundo Vázquez (1996) compreende-se como um fenômeno frequente em grupos pequenos e fechados onde os valores são válidos apenas para aquele grupo. E nessa moral, quem está fora do grupo é considerado errado e muitas vezes visto como a causa dos problemas da sociedade.
      As crenças e preconceitos que se proliferam entre os moralistas conservadores se apoiam primeiramente em experiências pessoais e familiares, posteriormente em notícias veiculadas e compartilhadas pelos meios de comunicação e também pelas igrejas...
     E esses fundamentos (experiência pessoal, meios de comunicação e igrejas) não se apoiam numa análise criteriosa dos fatos e nem em estudos científicos, pelo contrário se fundamentam em visões superficiais apoiadas em mitos e distorções da realidade.
      As grandes crenças conservadoras no Brasil, ligadas ao campo social, político e sexual se fundamentaram historicamente em interpretações bíblicas à luz dos dogmas cristãos e em notícias veiculadas por grandes redes de televisão como a TV Globo.
Nos próximos textos explicarei mais detalhadamente como se fundamentam alguns preconceitos específicos ligados ao racismo, homossexualidade, movimentos sociais, modelos de família...
     É muito fácil você perceber a fragilidade intelectual dos argumentos daqueles que possuem preconceito contra movimentos sociais (MST, por exemplo), contra homossexuais e contra negros...
      Eles sempre se baseiam naquilo que assistem na TV, que ouvem na sua igreja ou de seus familiares e vizinhos...
Nunca se apoiam em estudos científicos, em dados socioeconômicos sérios, porque geralmente não tem acesso a esses estudos ou sua própria arrogância e teimosia se transformam em desprezo e até preguiça por uma reflexão mais profunda

Referência
VÁZQUEZ, A. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1996

Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
São Borja-RS