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A CULTURA DA FORÇA 'ACIMA DE TUDO'

Menos livros e mais armas?


Andando pelas rodovias do Rio Grande do Sul nos últimos meses tenho visto várias placas de clube de tiros. Algo nunca visto antes. Fiquei assustado!
O que está acima de tudo nesse país? O discurso de defesa da força, das armas...
Se o Brasil estivesse evoluindo poderíamos ter placas indicando bibliotecas, museus...
O autor Alvin Toffler no seu livro intitulado: "Powershift: as mudanças do poder", explica que a humanidade evoluiu por três grandes fases de poder. Segundo ele, na pré-história e antiguidade, quem tinha poder era quem detinha a força física ou dos instrumentos de defesa como armas, posteriormente a isso entrando na idade média e idade moderna, a posse do dinheiro passa a ser sinônimo de poder.
Entrando na idade contemporânea e até os dias atuais (lembrando que o livro foi escrito em 1990) o autor defende que nas sociedades mais industrializadas e tecnológicas, a posse do conhecimento e informação passa a dar poder à pessoa, mais do que o próprio dinheiro.
Tenho várias ressalvas a esse pensamento do autor, porém, observando a análise do mesmo é possível perceber que o Brasil está andando na contramão da história e da evolução da humanidade.
Fazem toda uma defesa da posse de arma como sinônimo da liberdade de se defender, de se proteger, mas isso não passa de um discurso, de uma maquiagem verbal para, na verdade levar o país de volta para a pré-história da humanidade, conforme Toffler defende no seu livro.
A evolução da ciência, da intelectualidade, da racionalidade, busca substituir o uso da força pelo diálogo, pela lógica, entendimento e compreensão... Claro que o uso da ciência numa economia capitalista também pode, de forma muito mais cruel contribuir para o uso da violência de forma mais requintada...
O fenômeno do holocausto por exemplo foi ideologicamente legitimado por meio de argumentos racionais, "científicos", na visão dos alemães, claro...
Vejam o perfil de parlamentares e homens públicos que apareceram no Brasil nesses últimos anos. Parlamentares machistas, arrogantes, com corpo "bombadão", muitos inclusive abusadores de mulheres menores de idade...
É o perfil de pessoas que colocam a força física, das armas, do grito, acima de tudo...
Veja quem se torna digno de distinção hoje? Aquele que eles consideram "mito", em campanha, imitou um fuzilamento e disse: "vamos fuzilar a petralhada do Acre".
Um deputado condenado pelo STF neste dia 20/4/2022 defendeu a violência física em vários momentos...
Assisti a uma matéria no jornal de hoje (21/4) onde um policial norte americano levava para o carro à força uma criança que roubou salgadinho no mercado...
Essa cultura da força (pré-histórica) é tão ignorante que inverte a solução dos problemas sociais. Acham que o combate da violência se dá pelo aumento de polícia na rua, ou armando as pessoas "de bem" na sua idiota moral conservadora hipócrita e carente de raciocínio lógico.
No dia 18/4/2022, André Porciuncula  (segundo escalão da Secretaria da Cultura), próximo ao ex-secretário de Cultura Mário Frias, solicitou que armamentistas usem recursos provenientes da Lei Rouanet para produção de conteúdos audiovisuais pró-armas. (1)
Precisamos unir a sensatez e a esperança para inverter essa lógica com urgência...
Abraços
Evandro
(1)    Link da notícia: https://contrafcut.com.br/noticias/uso-indevido-da-lei-rouanet-pode-financiar-armas/

Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
São Borja-RS



 
 



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